quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Iluminismo_ siècle des lumières

O Iluminismo assumiu diversas expressões, segundo o lugar em que se desenvolveu, sendo que abrangeu sobretudo a França: Siècle des Lumières, a Alemanha: Aufklärung, e a Inglaterra: Enlightenment, correspondendo a um período histórico e filosófico do século XVIII. O lema do Iluminismo: [1]‘tem a coragem de servir-te de tua própria inteligência’, caracteriza a questão central na qual todos os seus adeptos se fizeram valer da confiança na razão humana. Mas de que razão se utilizaram os iluministas?_considerando que a revolução científica do século que antecede o Iluminismo, iniciada por Copérnico, Galileu e Newton, Bacon e Descartes, já mostrara ao mundo uma concepção racional que se separava drasticamente do pensamento medieval. De que forma, a seqüência da história da filosofia_ o Iluminismo_ absorveu ou não a idéia de razão utilizada pela filosofia moderna no início dos seus tempos? A razão dos iluministas diferiu em grande parte da razão da chamada revolução científica, pois se aqui existe a idéia de uma ciência autônoma com união de teoria e experimento, com a oposição entre ciência e fé, onde o mundo deveria ser lido em linguagem matemática, ainda assim há a presença das verdades eternas ou inatas: o racionalismo permanecia dentro de teorias realistas; para os iluministas temos o uso crítico e construtivo da razão em um outro sentido: [2]‘todo o século XVIII entende a razão com esse significado: não a considera como um conteúdo fixo de cognições, de princípios e de verdades, mas muito mais como uma faculdade (...) não um ‘ser’, mas um ‘fazer’ que se tornou independente da revelação, da tradição,’ de teorias racionalistas que mantinham ainda traços fortes de realismo como, por exemplo, o cartesianismo que acabou por voltar-se para a veracidade divina e a substância ou o deus spinoziano. O Iluminismo absorveu, portanto, o racionalismo precedente, mas não mais condicionado por um ‘ser’, com existência em uma realidade transcendente e independente do sujeito que a pudesse pensar, mas um ‘saber’ apoiado na razão do homem e não mais em verdades eternas, como anteriormente continuara a se conduzir a razão. Assim, reduzir todas as coisas à experiência significa verificar sua ‘verdade’ a partir de dados empíricos, experienciados, verificáveis, onde a influência do pensamento de Locke e do sistema de Newton foram pontos determinantes. No sentido de razão do homem, destaca Cassirer, [3]‘era algo humano, não se tratava de idéias inatas, mas de uma faculdade que se desenvolve com a experiência. Por isso, a razão não era um princípio do ser, mas uma força, uma força para o real. Mais que um fundamento era um ‘caminho que todos os homens poderiam percorrer em princípio e que era, naturalmente, desejável que todos percorressem’_ daí ser justo o lema que veio a constituir o Iluminismo e que nos permitimos aqui transpô-lo para outras palavras: queira servir-te de tua própria razão (saber/conhecimento/experimento) para o domínio da natureza_ o ‘fazer’ fundamental do homem substituindo o ‘fazer’ do divino e o ‘ser’ que aí ficou implícito durante tantos séculos. Um novo ‘saber’ para o homem e para a extensão de si próprio: o mundo (natureza) que o cerca deve ser pensado e nele se deve interagir para continuamente poder ser melhor, conhecimento que não pode ser possível enquanto o homem se deixar guiar pela ilusão de teorias realistas, já que estas o obrigam a se manter atrelado a um não-fazer e a um não-ser. O fundamento da própria existência do homem, portanto, descrito em termos iluministas, embora com graus de diferenciação dentro de suas variantes, foram construídos pelas idéias de: sensação, utilitarismo e experiência e nas palavras de Voltaire, [4]‘algum dia tudo será melhor — eis a nossa esperança.’
[1] REALLE, Giovanni. História da Filosofia: do humanismo a Kant. 4. ed. São Paulo: Paulus, 1990. vol.2. p. 696. [2] ______ . História da Filosofia: do humanismo a Kant. 4. ed. São Paulo: Paulus, 1990. vol.2. p. 714. [3] MORA, Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2001. vol. 2. p. 1440-1441. [4] ______ . História da Filosofia: do humanismo a Kant. 4. ed. São Paulo: Paulus, 1990. vol.2. p. 711.

1 Comentários:

Blogger Fiuk eu te amo...♥ disse...

ô sitezinho besta nao encontrei nada de pre-socraticos pelo amor de Deus ; aff`h

4:44 PM  

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